O passarinho do toso
Um bagual de queixo atado
Um touro afiando guampa
Pra uma briga num pelado
A figueira legendária
O mangueirão entaipado
São retratos de Rio Grande
Quadro lindo, exuberante
De um jeito macho pintado
"A trança, suja das bruxas"
Roçando no maneador
Um couro pampa espichado
Num quadro estaqueador
O vulto de um boi franqueiro
Bem na frente do sol pôr
O sangue que deixa o rastro
Da morte, molhando o pasto
E a adaga do sangrador
A ficha batendo lata
Mão "buena" de esquilador
O estouro forte da terra
Nos golpes do socador
Machado lascando angico
No lombo dum picador
O aroma doce, campeiro
Do arroz de carreteiro
Na trempe de alambrador
A fumaça do candeeiro
Que se esparrama na sala
O gaiteiro "relampeado"
Numa vaneira baguala
O payador guitarreiro
De adaga, melena e pala
Um bochincho dos coiceiros
De chinas e caborteiros
Quando termina na bala
Uma bexiga de sebo
Na fumaça dum tição
O picumã que se agarra
Nas tesouras do galpão
A graxa que frouxa a terra
No derredor do fogão
Coalhando a marca do espeto
Bem ali enxergo o jeito
Das coisas deste meu chão
Um parelheiro amilhado
Pra um domingo em partidor
Um touro osco, sujeito
Na argola do cinchador
A confiança e o cabresto
Nas mãos do amadrinhador
Vejo o pago fachudaço
Em cicatrizes de laço
Que ficam no tirador
Cheiro de pelo queimando
Marca quente, colorada
Tropeiro gritando talha
Tropa gorda, afinada
O retumbo do tropel
Recolutando a potrada
Canto de galo no oitão
Tem o tom deste meu chão
Nesta aquarela aporreada
Um potro pateando os ferros
Corcoveando campo a fora
Um Quero- Quero entonado
O ferro preto da espora
Um mate bem espumado
Antes do romper da aurora
Tem o gosto desse pago
E o topete do amargo
Um coxilhão rememora
São essas coisas pra mim!
- Nas cores, jeitos, perfumes -
Que trazem dentro de si
A diferença no lume
De tudo aquilo que é nosso
- Por singular se assume -
Dos vários pendões da pampa
A mais gaúcha estampa
Nossa bandeira resume!
Dos vários pendões da pampa
A mais gaúcha estampa
Nossa bandeira resume!