Mentira não tem idade
Como os quebrantos e os breves
Me chamo Apúlio das Neves,
Sempre falei a verdade!
Curtindo necessidades
Fui até "passar a pronto",
Por isso os causos que eu conto
Tem forças de mil verdades!
"Nós era quatro comigo,
O Beijos Vargas e eu.
O Beijos Vargas morreu,
Fiquei só eu meu amigo!"
"Da paleta de um tamanduá
Fiz tábua pra lavar roupa.
Seiscentas "mulher" lavavam,
Nenhuma estorvava a outra,
Distância de légua e meia
Tinha um quarador de roupa!"
Nunca menti pra ninguém,
Meus "causo" a ciência explica
Eu vi um avestruz nanica
Nos campos do Itaroquém!
"Noite de lua vermelha,
Mula do casco rachado,
Peixe morrendo afogado,
Lagarto com sobrancelha!"
Podem me chamar de louco,
Mas eu já pegui a em trampa.
Desde o cururu de guampa
Até o lagarto pitoco!
Pra ensiná mal ensinado,
Que não respeita meu nome
Eu fiz um relho trançado
Do couro do lobisomem!
Se não agüentar a ausência
Volto do céu amanhã
Pra minha velha querência
Nos campos do Nhú-Porã!