Não sou o mesmo que eu era,
a minha índole já foi melhor.
Nunca esquecia a cortesia,
nos lábios meu bom dia
brilhava feito sol.
Mas hoje em dia me parece
que perdi todo o meu respaldo,
tanta ironia me envenena,
minh'alma se condena
e fico mal falado.
Eu ando meio sem caráter,
dissimulado quanto às emoções.
Ninguém concede um ombro amigo, pois
sempre desconfiam das minhas intenções.
Sendo o profeta da desgraça,
a minha língua espirra Rodasol.
O meu sarcasmo é irritante,
é um monstro petulante
que assusta o seu pudor.
E esta feição tão caricata
é o estandarte da discórdia.
Meu rebolado é uma afronta,
e o débito na conta
é perder a moral.