Ai, Mouraria
da velha Rua da Palma,
onde eu um dia
deixei presa a minha alma,
por ter passado mesmo ao meu lado
certo fadista
de cor morena, boca pequena
e olhar trocista.
Ai, Mouraria
do homem do meu encanto
que me mentia,
mas que eu adorava tanto.
Amor que o vento, como um lamento,
levou consigo,
mais que ainda agora
e a toda a hora
trago comigo.
Ai, Mouraria
dos rouxinóis nos beirais,
dos vestidos cor-de-rosa,
dos pregões tradicionais.
Ai, Mouraria
das procissões a passar,
da Severa em voz saudosa,
da guitarra a soluçar.