Eu fiquei profundamente aborrecido
Ao visitar a fazendinha onde eu nasci
Chorei ao ver o progresso caprichoso,
Toda ternura do meu berço eu perdi
A figueira lá na curva da estrada
Em sua sombra muitas vezes descansei
Em seu lugar hoje é uma estrada asfaltada
E do riacho nem vestígios encontrei.
Meu Deus do céu pra onde vamos nós
O que será de nossos filhos no futuro
Se continuar esta devassa impiedosa
Na realidade nosso ar não vai ser puro.
A varanda onde eu guardava o velho carro
Virou piscina, um lago artificial –
A fazendinha que era toda minha vida
Hoje faz parte de uma multinacional.
Aquele grupo de empresários gananciosos
Não preservaram nem sequer o estradão
A faixa negra de asfalto na estrada
Deixou de luto meu cantinho de sertão.
Meu Deus do céu pra onde vamos nós
O que será de nossos filhos no futuro
Se continuar esta devassa impiedosa
Na realidade nosso ar não vai ser puro.