Vou voltar ao lugar que eu morava
Porque lá sei que é o lugar meu
Muito embora sei que meus amigos
Alguns deles partiram com Deus
Quero ouvir passarinhos cantando
Recordar o meu primeiro amor
Vou morar em um pobre ranchinho
Nem que eu tenha que viver sozinho
Num velho casebre cercado de flor
Novecentos e noventa e nove
Foram os favores que eu pratiquei
Mas não pude completar os mil
Muita gente me diz que eu errei
Me criticam porque levo todos
Ninguém vê quantos eu ajudei
Mesmo assim eu me sinto contente
Ao lembrar que foi de tanta gente
Que a fome e o frio, com prazer, eu matei
A ganância e a corrupção
A mentira e a falsidade
Destruiu muita gente inocente
Invadindo as grandes cidades
Muitos homens pais de família
Sente no peito a dor da ingratidão
Ao ver seus pobres filhinhos
Soluçando de fome baixinho
Acabam se tornando sem querer um ladrão
Eu não quero lençol de primeira
Me conformo vivendo sem isto
Acho tudo uma grande besteira
Eu prefiro dormir numa esteira
E acordar feliz ao lado de Cristo