Tom: F
Introdução:
Bb F
Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Bb F
Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo
Bb Fm
Um país que crianças elimina
Bb Fm
Que não ouve o clamor dos esquecidos
Onde nunca os humildes são ouvidos
Bb F
E uma elite sem Deus é quem domina
Bb
Que permite um estupro em cada esquina
F
E a certeza da dúvida infeliz
Bb
Onde quem tem razão baixa a cerviz
F Bb
E massacram-se o negro e a mulher
F
Pode ser o país de quem quiser
Bb F
Mas não é, com certeza, o meu país
Bb F
Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Bb F
Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo
Bb Fm
Um país onde as leis são descartáveis
Bb Fm
Por ausência de códigos corretos
Com quarenta milhões de analfabetos
Bb F
E maior multidão de miseráveis
Bb
Um país onde os homens confiáveis
F
Não têm voz, não têm vez, nem diretriz
Bb
Mas corruptos têm voz e vez e bis
F Bb
E o respaldo de estímulo incomum
F
Pode ser o país de qualquer um
Bb F
Mas não é, com certeza, o meu país
Bb F
Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Bb F
Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo
Bb Fm
Um país que perdeu a identidade
Bb Fm
Sepultou o idioma português
E aprendeu a falar pornofonês
Bb F
Aderindo à total vulgaridade
Bb
Um país que não tem capacidade
F
De saber o que pensa e o que diz
Bb
Que não pode esconder a cicatriz
F Bb
De um povo de bem que vive mal
F
Pode ser o país do Carnaval
Bb F
Mas não é, com certeza, o meu país
Bb F
Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Bb F
Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo
Bb Fm
Um país que seus índios discrimina
Bb Fm
E a ciência e as artes não respeita
Um país que ainda morre de maleita
Bb F
Por atraso geral da medicina
Bb
Um país onde escola não ensina
F
E hospital não dispõe de raio-x
Bb
Onde a gente dos morros é feliz
F Bb
Se tem água de chuva e luz do sol
F
Pode ser o país do futebol
Bb F
Mas não é, com certeza, o meu país
Bb F
Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Bb F
Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo
Bb Fm
Um país que dizima a sua flora
Bb Fm
Festejando o avanço do deserto
Pois não salva o riacho descoberto
Bb F
Que no leito precário se estertora
Bb
Um país que cantou e hoje chora
F
Pelo bico do último concriz
Bb
Que florestas destrói pela raiz
F Bb
E a grileiros de fora entrega o chão
F
Pode ser que ainda seja uma nação
Bb F
Mas não é com certeza o meu país
Bb F
Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Bb F
Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo