Tom: G
Introdução:
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O meu nome é João Carreiro conhecido no lugar
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Eu vou contar minha história pra vocês não duvidar
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Já estou velho, estou cansado, já não posso carrear
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Mas o galo quando morre deixa as penas por sinal
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No tempo que eu fui carreiro muita figura eu fazia
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Com doze juntas de boi, cabeçalho até a guia
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João carreiro era falado, conhecido em demasia
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Quando ele entrava na vila, o povo todo sabia!
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Com as doze juntas de boi caminhava sossegado
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O carro do João Carreiro tinha um cantar apaixonado
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Distância de meia légua quando subia o cerrado
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Os dois cocões rangedor fazia um dueto chorado
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Parelha do cabeçalho: Beija-Flor e Munzambinho
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Parelha de boi de guia: Fortaleza e caboclinho
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Na subida caminhava, Riachão e Riachinho
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Vamos simbora Sereno, parelha de Passarinho!
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No riacho da Graúna quando meu carro parava
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Os "zóio" de uma cabocla meu coração cutucava
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Na volta lá da cidade de novo por lá passava
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Os "zóio" desse malvada de novo me provocava!
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Assim fiquemos um tempão, cinco mês fiquemos assim
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Eu com areceio dela, e ela com medo de mim
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Mas um dia criei coragem, falei com ela por fim
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Essa cabocla chamava Corina Flor do Alecrim!
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O alecrim não tem espinho e é danado pra cheirar
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E memo não tendo espinho, alecrim pode magoar
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Corina Flor do Alecrim só soube me judiar
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Me prometeu "mir" ventura e só me trouxe penar
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Só tive um amor na vida, tristeza me veio dar
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Fiquei velho aperreado já não posso carrear
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Já contei a minha história antes de outro contar
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Onde meu carro passou ficou rastro por "sinar"
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