Quando chuva cai lá do sertão
Florada do cajú e do cajá
A terra cicatriza suas veias
O joão de barro trança beiras
Da sua casa pra morar
Dentro de pau a pique é lampião
A noite inteira vem iluminar
Mesmo num sertão enluarado
A peixeira vai de lado
No que tiver que enfrentar
Deixa o cantador cantar o norte
Deixa o norte se deixar cantar
Sempre onde há vida passa a morte
Mas a morte nunca passa nessa vida pra voltar
O seu alimento rasga o chão
Gadinho no sertão pra engordar
Vai esperar próxima cheia
Ou morrer na ribanceira de tanto esperar
E quando não tiver mais solução
O que tiver que arrancar
Vai passar o foice amolado
Preparar o seu rangado
Sua fome disfarçar
Bem-ti-vi lá no mourão
Canta magoas tantas do seu coração
Ao ver tudo acabado
O que era mar virou serrado
Agora é solidão