Meu sertão nodestino/ fui um caboclo menino
Na escola não tive ensino/ não pude aprender a ler
Um pouco de matemática/ cortando lenha na mata
E metranado para vender
Pegar meu chapéu de palha/ esquecer a gandaia
Cavar buraco nochão
Cerca de arame farpado
Ver meu sangue derramado/ escravo do alugado
E ainda devendo patrão
Enxada foi meu escudo/ cavei lama de açude
Para fazer bebedou
Chegando em casa cansado
Com as mãos cheinhas de calo/-sola dos pés espinhada
Que o chique-chique furou
Já botei broca na serra/-deus vai molhar essa terra
Pra melhorar o sertão
Planta boa é de janeiro
Mas só se pega em dinheiro
Quando se colhe algodão