Sou caminhoneiro de alma lavada e peito vadio
Sou doce criança levando a esperança do bruto bravio
Sou manso de lei e que faça bem feito de fio a pavio
Sou sem embaraço quem dorme em meus braços jamais sente frio
Chorando a turbina arrasta o trucão
Motor nunca fala mas sempre me rala na manutenção
Feliz é o despeito que mora no peito e não paga pensão
O caminhoneiro vai como o poeta tecendo o seu canto
Se a alma é ferida o lenço da vida enxuga seu pranto
Adora cantiga não gosta de briga mas não tem espanto
Não foge da raia com um rabo de saia não é nenhum santo
Assim é a vida do caminhoneiro em cada jornada
se vir a saudade na eternidade também tem estrada
Nos braços de Deus os caminhos seus tem rota marcada
Um lindo cometa é a sua carreta na noite estrelada