Letra de
Seca Verde

Coivara, fogueira, queimada roseira,
Enxada na cova, berduega na beira.
No mato a urtiga, na folha a formiga,
A chuva não chega, a seca nos tira
Vontade de plantar e colher
E nem água pra beber.
Vontade de plantar e colher
E nem água pra beber.
No ombro o bornal, açúcar e sal,
Feijão e farinha, cristal na lapinha.
O tempo nos rouba, a água é salobra.
Algodão nenhuma arroba, de fruta só pinha
Juazeiro ainda está verde,
E essa gente é feliz.
Vai matando sua sede,
Grudado na sua raíz
Se eu fosse água
Do velho Chico inundaria essa terra,
Então faria outro tipo de guerra,
Sem fome só de fartura.
Mas eu não sou água
E nem sou rico pra poder fazer
O velho Chico escorrer,
Nesse chão rachado nessa terra dura.
Nessa seca verde, mora um povo nobre,
Morrendo de sede nessa guerra pobre.
Nessa seca verde mora um povo nobre,
Morrendo de sede nessa guerra pobre.