Cumprindo o destino o velho Braulino
Entregou a tropa e de novo largou
Com duas gateada e uma zaina folgada
Numa noite estrelada solito voltou.
Com a plata no cinto na mala a bolacha
No carnal dos pelegos a graxa de um quarto
Um poncho emalado cor de noite por fora
Por dentro qual fosse um sol colorado.
Ao bandear a cancela da estância pra estrada
Viu que as duas gateadas deram volta pra traz
Renegando a querência num bufido tão forte
Que talvez fosse a morte numa cruz a rondar.
Atacou as gateadas virando a cabeça
Estralando a soiteira do arreiador
E lua crescente com a metade da cara
Pitando de prata o chão do corredor.
Uma nuvem de poeira com calor de norte
Arrepiou o espinhaço do Braulino tropeiro
Viu que o laço estendido trazia de arrasto
Se bolcando nos pastos o corpo de um guerreiro.
Se lançou na estrada com breu na memória
E a história contada até hoje o conduz
Voltou no outro dia pra campear o laço
E achou remalhado atado na cruz.
Cumprindo o destino o velho Braulino
Entregou a tropa, solito voltou.