Cinco horas da manhã começava o cativeiro. Nem o dia amanhecia me tornava boiadeiro.
Ordenhava uma vaquinha que dormia no terreiro, depois tinha muita lida com o vizinho
fazendeiro. Ia cedo pro engenho, moía muita cana, fazia cachaça boa pra alegrar gente bacana.
Com a sobra da garapa, fazia rapadura, à noitinha eu cantava pra esquecer a vida dura.
Quando tinha plantação não ficava sossegado. Madrugava mais um pouco para ajuntar o
gado. Quando o sol ia saindo eu estava no roçado. Quando o almoço chegava de suor tava
molhado. Se tinha tempestade a dureza era maior, enchia a cocheira pro gado comer melhor.
Muita cana com capim carregava sob a chuva. Pra fazer o volumoso não usava uma luva.
Agora estou velho, meu filho está criado. Com o que ganhei na lida ele havia estudado.
Comecei a criação com ele do meu lado. Agora sou feliz, sou rei do gado.