Letra de
Recantiga

Era as folhas espalhadas, muito recalcadas do correr do ano
A recolherem uma a uma por entre a caruma de volta ao ramo
E era à noite a trovoada que encheu na enxurrada aquela poça morta
De repente, em ricochete, a refazer-se em sete nuvens gota a gota
E era de repente o rio, num só rodopio a subir o monte
A correr contra à corrente assim de trás para a frente a voltar à fonte
E um monte de cartas espalhadas desdesmoronando-se todo em castelo
E era a linha duma vida sendo recolhida de volta ao novelo
E era aquelas coisas tontas, as afrontas que eu digo e que me arrependo
A voltarem para mim como se assim tivessem remendo
E era eu, um passarinho caído no ninho à espera do fim
E eras tu, até que enfim, a voltar para mim