Num Domingo desses a gente acordou
Com um cano de carabina na cabeça, meu "sinhô"
Pensou que era ladrão, era a polícia do distrito
Passeio de camburão só porque a gente é de cor
Era soco de manhã, à tarde pau-de-arara
Choque, palmatória, à noite chute bem no meio da cara
Era porrada pra confessar o que não fez
Era surra pra dizer o que não sabia
Era ter que ficar cinco dias sem comer
Herança colonial, mas quem é que se metia
A gente não tem culpa de morar na periferia
De ser preto e pobre, de ser preto e pobre
Mas a gente não passava por isso se fosse branco
E morasse num bairro nobre, num bairro nobre
É domingo vai ter baculejo no morro
É domingo vai ter negro no camburão.
Dignidade aqui com certeza você vai encontrar
Nunca subestime uma família, um lar