Era uma tarde de outubro Com silêncio de sol-por Um vento nas madressilvas Ventava anúncios de dor. No céu azul do potreiro A corvada, em vôos rasos, Trazia garras de morte Mas a gente nem fez caso. Quando a manhã veio cedo Na recolhida pra encilha Faltava um baio cebruno Na forma da minha tropilha. Um peão de olhos baixos De freio e mango na mão - Morreu seu baio, patrão! As crinas entre as macegas Cardavam teias de aranha Tinha posto na campanha E os olhos do meu cavalo Que há pouco não viam nada... Já tinham ganhado o céu Pelas garras da corvada! Ficou um silêncio largo Coisa triste de se ver Um amigo desse jeito... Ontem mesmo lhe apertei A cincha no osso do peito! E hoje lhe vejo assim Posto em partida, sem viço... Se Deus bem sabe o que faz Não tava sabendo disso! Se vai embora o meu baio