É logo cedo quando o medo vem pra me lembrar
Que é dia de trabalho!
Nó na garganta o galo canto e lá vou dançar
Atrás de que? salário!
Eu penso na fuga mas algo me afogo ou_tra vez
Nesse meu calvário!
Levanta sacode a carcaça que dança não pode parar!
Trabalha! Dando corda nessa estúpida engrenagem
Trabalha! Que espreme e esgota a força que te põe de pé
Trabalha! Aniquilando o que é humano o que é coragem
O que há de errado? O que será? O que que é?
Trabalha! Toda fachada esconde a mesma humilhação
Trabalha! Terra arrasada onde se arrasta a multidão
Vem que tá na hora, não enrola, não demora
Para não ficar de fora da fila do sacrifício
O trem vai rumo ao precipício
Estamos no vagão, somos a carga, amarga tristeza de boi
Ruminando aquilo que era pra ter sido e não foi
Reféns da mesma trama, o drama da humana manada
A vida é isso camarada?
Começa como dádiva, mas logo vira dívida
Se sobrevive a dúvida,
Algo segue te dizendo que você valia mais
Mas veja só que ironia!
Ter a pressa de chegar onde não se queria
Sempre pra lá e pra cá maldito dia a dia
O espírito no fosso, a fossa, eita vida de cão essa nossa!
Malandro é o cavalo marinho
Pois a tua estrela ainda vai brilhar um dia!
Um brinde a meritocracia!
E o banquete quem serve? O palacete quem ergue?
De quem o sangue ferve? Ferve!!
Caraca moleque! Segura aí que é hora de pisar no breque!
Despedaçado, parcelado vai teu cora__ção
Que é uma ferida aberta!
Se debatendo alucinado exposto no bal_cão
Entre a demanda e oferta!
Quem dá mais, tanto faz, guerra é paz, liberdade é escravidão
E o trabalho liberta!
Sem trauma, entrega tua alma, com calma
Trabalho! Dando corda nessa estúpida engrenagem
Trabalho! Que espreme e esgota a força que te põe de pé
Trabalho! Aniquilando o que é humano, o que é coragem
Há algo errado e você sabe o que que é!
Trabalho! Te corroendo por dentro essa frustração
Trabalho! O teu demônio patrimônio do patrão
Trabalho! Toda a fachada esconde a mesma humilhação
Terra arrasada onde se arrasta a multidão!
Trabalho! E lá vou eu!
Trabalho! Até morrer!
Trabalho! Sente a vida escorrer pela palma da mão
Trabalho! Já que não há remédio
Trabalho! O ódio, o nojo, o tédio
Terra arrasada!
Caminha por entre fantasmas com blocos de pedras nos ombros
Ossadas de escravos, escombros, escombros
São séculos, ciclos na insana espiral
E o peso nas costas perma_ne_ce igual
Eis que diante de ti, ergue-se a monstruosa pirâmide
Até quando suportar?
Sustentar essa grande mentira
Pois é, a verdade indigesta
Quem sustenta essa festa é o suor da tua testa
Sustentar essa grande mentira
Pois é, de tudo que eu faço
Não me sobra pedaço e ainda sigo no compas_so
Pois é, de tudo que eu faço
Não me sobra pedaço e ainda sigo no compasso
Haja coragem!