Poesia é flecha, a alma é um arco
Futuro é um alvo que a alma tem;
Estamos todos no mesmo barco
Se ele naufraga vamos também!
Poesia é flecha que se projeta
Pelas nações, que de fome choram;
A alma é um arco nas mãos do poeta
Caçando as feras que nos devoram!
A flecha corta os confins do mundo
Sangrando as chagas que a fome fez
Povos inteiros já moribundos,
Matando um sonho de cada vez!
O arco fica, mas manda a flecha
E a flecha voa com altivez;
Chora a miséria e, em nome dela,
Transpassa a carne da insensatez!
(intro)
O arco dita as razões da flecha
E mostra o rumo sem hesitar;
A flecha é força que a tudo pecha
Quando é justiça cortando o ar!
São arco e flecha sempre em vigília,
Que essa miséria tem rosto e nome;
Nos calcanhares dessas matilhas
Que se sustentam de sangue e fome!
A flecha corta os confins do mundo