Letra de
No Tempo Das Casa "Véia"

Pros que andam perguntando daquelas velhas milongas
De chinedos e candongas aonde eu não cruzo mais
Vou apear do meu cavalo, vou esbarrar no baldrame
Manda afinar esses arames, que hoje a milonga sai
Dá um achaque no recalque, dá um coice nessa lambança
Avisa pra vizinhança que o velho taura voltou
Casca grossa, resinguento, unha suja, gadeiudo
Num milongão sem estudo, que nunca ninguém floreou
Pra fazer milonga buena
Daquelas de antigamente
Eu tiro lascas da idéia
E a "véia" vem pro presente
Pra fazer um pinho simblar
Tem que falquejar com as "unha"
Na penumbra onde se alumbra
Só o fogo por testemunha
Não sou velho, não sou moço
Não sou grosso e não me esquivo
Não venha com lenga-lengas
Porque milongueando eu vivo
Vamos fazer uma milonga
E oferecer pra platéia
Vamos cantar uma milonga
Do tempo das casas "véia"
Saibam que não andei lejos, só andava noutros atalhos
Tinha largado o baralho, o vinho viejo e as carpas
Encilhando um mata-légua, mais surrado do que o dono
Gastando noites de sono, num chapelão e uma capa
Tive longe mas não morto, andei torto, não quebrado
Mas não perdi o atestado, das guainas arrabaleiras
Permisso se hoje me apeio, com minha alma plebéia
Pra homenagear a platéia, com a sina do milongueiro
Pra fazer milonga buena
Daquelas de antigamente
Eu tiro lascas da idéia
E a "véia" vem pro presente
Pra fazer um pinho simblar
Tem que falquejar com as "unha"
Na penumbra onde se alumbra
Só o fogo por testemunha
Não sou velho, não sou moço
Não sou grosso e não me esquivo
Não venha com lenga-lengas
Porque milongueando eu vivo
Vamos fazer uma milonga
E oferecer pra platéia
Vamos cantar uma milonga
Do tempo das casas "véia"