Letra de
No Entanto

(Ab)
Com tinta do desprezo e do orgulho retoca os fios grisalhos do cabelo
Ostenta o queixo erguido ao pé do espelho e no entanto nada é mais belo
Engorda porque já não cabe em si e aumenta quando senta ao vão do vime
Sem dentes já não morde nem sorri e no entanto nada é mais sublime
E no entanto nada é mais sublime e no entanto nada é mais singelo
E no entanto nada é mais amado e no entanto nada é mais belo
Faz pose para o próximo retrato enquanto em suas veias gela o gelo
Com a língua alheia lustra o seu sapato e no entanto nada é mais singelo
E no entanto nada é mais amado e no entanto nada é mais belo
E no entanto nada é mais sublime e no entanto nada é mais singelo
Quanto mais se entope de perfume mais aumenta o cheiro putrefato
Nada mais fermenta nesse estrume e no entanto nada é mais amado