Uma milonga, uma morena
Um murmurar de rio remanso, entardecer
Uma figueira se estendendo a braço largo
Lua de prata insistindo em se esconder
Velha choupana, um lampião, um fogo brando
Os pirilampos estrelando a escuridão
Ladrar de cão, coachar de rã, de quando em quando
Peles de ovelha espalhadas pelo chão
(Um guitarreiro na viola a dedilhar
Uma milonga amorosa na canção
Chibo na brasa, um bom aroma pelo ar
Cheiro de mato e de flor em profusão)
Cerdas morenas no calor da madrugada
Do candeeiro brotam sóis de picumã
O fogo em brasa é tal ipê após florada
Ouve-se, ao longe, o lamento de um tachã
A passarada em silvos na barra do dia
Campo coberto pelo orvalho da manhã
À despacito vou chegando à pulperia
Lá na choupana, noite linda a Cunhã