Faz tempo que eu ando sem tempo de ir num rodeio
Sem falta, amanhã bem cedinho volteio o gateado
Atraco-lhe um toso a capricho, adelgaço e casqueio
Pois um dos prazeres que eu tenho é andar bem montado
"me agrada" ensebar o preparo, lavar os baixeiros,
"passá" uma guanxuma no laço e "deixá" bem armado,
Polir as esporas e o freio - que o homem campeiro,
Embora criado em mangueira, não é relaxado!
E "bamo" mandando-lhe corda, que a vida é só uma;
A minha eu respeito, conservo e "inda" faço bom uso
Largando com sobra de pingo, o resto se arruma,
E a trança, viaja e se aninha nos dois "parafuso"!
Na estância um caseiro e o gado ficou campereado
Não é tão difícil a vida de um homem direito
E quem anda certo não foge do próprio passado
O meu doze-braças alterna perdidas e ganhas
Mas todas são boas lembranças que vêm à memória
O tempo nos mostra o caminho de formas estranhas
E só quem aceita a derrota merece a vitória