Colhi-te fresca de orvalho
Na madrugada indecisa
Escondido na noite inquieta
Sempre atenta e sempre acesa
Foste Lusitânia expresso
Austerlitz e joie de lire
Amei-te de mais por excesso
Em tempos de não esquecer
E as vezes ter de partir
Cantei-te em tantos momentos
Pelas montanhas pela cidade
Bebi sonhos somei ventos
Mil romances mil inventos
Que somos da mesma idade
Há quem te chame loucura
Quem te chame falsidade
Há quem te chame aventura
Eu te chamo liberdade
Beijei as rosas de maio
Até secar a semente
Corri estrada e cantei chão
Rasguei me contra a corrente
Olho para o rasto de mim
Espalhado por todo o lado
Restos de alma e coração
Cinzento de tão magoado
Vivi a noite dos dias
Prodígios nunca alcançados
Tanta força havia em mim
Tantos planos tantos fados
E apenas deixei recado
Há quem te chame loucura
Quem te chame falsidade
Há quem te chame aventura
Eu te chamo liberdade
Por toda a vida vivida
Nesse tempo apaixonado
Por toda a estrada corrida
Por todo o povo abraçado
Por tanta rota sofrida
Por tanto sonho lançado
Por toda a alma sentida
Viveria tudo em dobro
Em dobro deste bocado
Há quem te chame loucura
Quem te chame falsidade
Há quem te chame aventura
Eu te chamo liberdade