Um dia de manhãzinha meu pai disse: escute um pouco!
É o programa "Beira da Tuia" do Tonico e do Tinoco,
A chaleira tá no fogo e eu sentado ali num toco,
De dia fazia a lida, como é a vida de um caboclo,
De tarde se ponteava uma canção que se consola,
E eu dormia com o ouvido tinindo o som da viola,
Mas o tempo foi passando e as coisas todas mudaram,
Gostava de contar causo agora escuto e me calo,
Não vejo mais os pinheiros, não ando mais a cavalo,
Eu via o mundo quadrado agora virou uma bola,
Só peço que nunca mudem o som de uma viola.
Meu filho tem um amigo que fala co`as "internet",
Diz que é muito letrado que estuda com os disquetes,
Sua casa é um paraíso, tem CD, disco e cassete,
Mas me falou de uma coisa que me conforta e consola,
Diz que agora vai ouvir o som de uma viola.
Um Domingo, lá na vila, o meu vizinho dos fundos,
Me falou de tantas coisas que os "nome" até confundo,
Me disse que "distorcia" o som mais puro e profundo
E eu fiquei com aquilo em mente que quase fundi a cachola,
Só peço que não "distorça" o som de uma viola.
Contando as coisas da vida eu volto sempre a lembrar,
Do luar prateando as grimpas da geada, do Imborná,
Dos verdes campos floridos do Estado do Paraná
Eu canto as coisas que vi não é que eu seja um gabola,
É esta minha homenagem pro som de uma viola.