Lá vem ela. Já se ouve seu perfume despertar
nos falares tácteis maliciosa lábia,
salientes manifestações
Ela finge nem ligar, mas todo mundo sabe
que ela gosta e faz questão de acender o fogo alheio
e some sem grandes preocupações
Se ela passa, logo capta toda atenção pra si
A sua aparição invade todo o ambiente
E nem um ser sequer ousa andar
pela calçada da indiferença
Pra quê tanta lindeza num ser só?
Não sei, mas assim o mundo fica pior
Isso ainda vai dar um dia motivo pra um manifesto
contra a má distribuição da beleza!
Ela só que ser! Mas o pior é que ela é!
Ela só que ser! Mas o pior é que ela é!
Lá vai ela. Já se vê uma saudade perturbar
e nos olhares taciturnos o principiar
de confabulações.
Sei que ela vai voltar, porque ela adora aparecer
e a cada nova aparição renova minha desilusão
de absorvê-la em suas proporções
Quando ela some deixa o ar impregnado de toda sorte de
desejo
A sua presença não permite outro assunto
e a sua ausência, por seu turno,
teima em não mudar o tom da prosa.
Pra quê tanta lindeza num ser só
Não sei, mas assim o mundo fica pior
Isso ainda vai dar um dia motivo pra um manifesto
contra a má distribuição da beleza!
Ela só quer ser! mas o pior é que ela é!
Agora eu vi que ela só quer ser!
Mas o pior é que ela é!