Letra de
Durok

Como um herói disfarçado
Chegou magro, sujo, faminto e abandonado
Na madrugada, em frente à porta
Ficava ali e me olhava encantado
Ruivo, charmoso e dengoso
Sabia como ninguém o que lhe faltava
Passou a surgir na noite
Em busca de água, alimento e afeto
Era livre e apostava na sorte
Pra encontrar um norte e quem sabe um teto
Ficava por alguns instantes
Nutria corpo e alma e seguia o trajeto
Ah, mas ele era livre, gostava da noite
Da farra e do andar sorrateiro
Ah, amava os telhados, a busca pelas princesas
Aprisionadas nos celeiros
Imitava o seu sósia de botas, não tão famoso
Mas com o mesmo andar garboso
É certo que em outras eras viveu no Egito
Onde além de sagrado era doutor
Porque sempre que o peito apertava em conflito
Me hipnotizava com olhos de amor
Com doçura me cuidava
E com sua pata encantada, removia toda a dor
Miau, miau, miau, Charmoso, dengoso e malandro
Seu olhar às vezes felino, outras vezes humano
Durok, meu bichano, me ensinou a amar e a libertar
Para que outros em seu lugar, eu pudesse acalentar
Eu pudesse acalentar, eu pudesse acalentar