Aí moleque não tem glamour em ser transferido
Do avião da PF pra outro presídio
E em tá 22 horas na cela isolado
Torturado mentalmente incomunicável, monitorado
A multiplicação da pasta base de farinha
Nem sempre te dá duas van numa linha
Com sorte termina num raio paraplégico
Sem sequela cerebral pra estudar o próprio processo
Sou a prova viva que seu sonho é suicida
Ostentei por anos o medalhão de patrão da firma
Os cardeais da civil me chamavam de senhor
Comandante geral se desculpava por prender meu vapor
Me sentia intocável até ser acordado
Por uma equipe de captura invadindo meu quarto
A contadora de cédula traz buceta, influência
Junto com ônus da inveja da concorrência
Reinei até um rival dar melhor remuneração
Pros vermes que eu pagava pra avisar sobre incursão
As contas laranjas não compraram a fiança
Virei o trunfo do secretário de segurança
Nada deixa a opinião pública mais anestesiada
Do que a queda de um Don corleone na sua mansão confiscada
Enquanto a mídia destacava meus perfume importado
O juiz da minha folha me dava vinte no fechado
Quando mais Ducati, escritura, ibope
Mais se aproxima a cela e o laudo cadavérico precoce
Talhador de costela, muralha, tranca é o preço
Pago pelo título de Don Corleone do Gueto