Em muitas payadas parceiro de guitarreadas
Em pulperias estranhas
Passatempo de campanha
Que em dia santo e domingo
Num dia folgado e campeiro
Vou chegando muy faceiro
Pra pulperia sorrindo
Nesse ritual primitivo
De orgias campechanas
Me deu a sorte aragana
Ser pastor deste rebanho
Se jogo truco, ganho
Se cantar comando a farra
Pois sou mesmo que cigarra
Pra cantar de contraponto
Faço um cantor ficar tonto
E se manear na guitarra
Canto terra pampa e rio
Com a campeira vivência
De filho desta querência
Feito a cascos de cavalo
Onde os buenos e os malos
Vaqueanos de muitas guerras
Banharam campos e serras
Com sangue de mil combates
Sem saber que nesse embate
Foi puro o amor pela terra
São passados que me orgulho
De cantar com alma aberta
E há de ser rimas bem certas
E as cordas bem afinadas
Com a garganta bem afiada
E os acordes bem certeiros
E assim qualquer brasileiro
Ou se escuta algum paysano
Verá que é sul-americano
O canto de um missioneiro
Verão que a raça se uniram
Num potencial varonil
Pra libertar o brasil
Índio, gringos e mestiços
Sem medir o sacrifício
Sem sede, sem sentir sono
Como se a terra seu trono
Lutando com força e fé
Igual que gritou sepé
A nossa terra tem dono!
Evoco o santo cacique
O imortal tiarajú
Que deu pra esse xirú
A sublime inspiração
De lutar por este chão
No mais sério patriotismo
Da lança para o lirismo
Da tradição ao presente
Da incertidão ao consciente
Pra o puro brasileirismo
Se não entendem o meu canto
Neste país muito grande
Hei de cantar o rio grande
Pedaço de continente
E se cantar o que a alma sente
Que é falta pra um pecador
Nosso senhor que perdoe este gaudério
Vou levar pro cemitério
Este destino cantor