Despacito, parceiro, pelo meu jeito de ser
eu já pude compreender de quem se vai sem apuro
enxerga claro no escuro com coração destapado
pois lembra bem o passado e bombeia longe o futuro
Despacito e alma aberta olho no olho te digo
jamais presente o perigo alguem que vai desparando
ao revés do que chuleando, ao tranquito vai na estrada
encontra o vau da cruzada e segue manso tranqueando
Um dia depois do outro despacito passa a vida
assim se fecha a ferida assim se cura um amor
por maior que seja a dor lhes garanto não é changa
pois junto às pedras da sanga um dia eu vi uma flor
Despacito por pecado volta e meia tomo um trago
não posso cruzar de largo tenho a sina chegadeira
igual à vaca tambeira que se perde no potreiro
mas vem berrar pra o terneiro de manhã junto à porteira
Despacito vou embora, despacito hei de voltar
não quero ver lacrimar meu anjo na despedida
um saludo e adeus guarida, neste tranquito me vou
e alguém que me desprezou há de me amar noutra vida