Este podia ser um conto de fadas
Daqueles com que se escrevem livros
Mas neste conto, não há príncipes, nem beijos
Nem sapatinhos perdidos
Este conto pertence às ruas
Como as almas que ela engole
Este conto nasce nas ruas
E é nas ruas, que ela morre
Cinderela, vai descalça, na calçada
Não precisa, dum sapato que lhe sirva
Esqueceu Deus e a casa de seu pai
Seguiu os passos da mãe
Deu de frosques, não voltou
Cinderela, vai descalça, vai na rua
Busca a vida e tem fomes para matar
Esqueceu Deus e a casa de seu pai
Seguiu os passos da mãe
Deu de frosques, não voltou
Cinderela, vai descalça, vai à baixa
Parte em busca, duma dose que lhe sirva
Esqueceu Deus e a casa de seu pai
Seguiu os passos da mãe
Deu de frosques, não voltou
Ai,cinderela
Cinderela, nunca mais andou descalça
É a terra, que agora abraça seus pés
Esqueceu Deus e a casa de seu pai
Seguiu os passos da mãe
Deu de frosques, não voltou
Esqueceu Deus e a casa de seu pai
Fez como fez sua mãe
Pôs-se ao fresco, não voltou, não voltou
Não voltou a casa, Cinderela