No centro da cidade
Um gaiteiro cego me falou
Que eu era um cara muito apegado ao que eu não tinha
E no tempo que ainda faltava pro dia de ter
E de repente comecei a perder a visão
Perdi o chão, o meu irmão, fiquei com o coração na mão
Na ponta dos dedos
Na ponta do acordeon
Quanto menos eu via
Mais eu sentia
Que o importante não é ver e sim ter
A vontade de enxergar e cantar
Eu tenho todas as cores
Na minha cegueira
Eu sou de todas as tribos
Todas as bandeiras
Eu não tenho limite algum
Você falando assim
Até parece um mar de rosas
Mas é tão difícil ser feliz
Quando me prendo as minhas próprias costas
Ele me disse
Buscas algo por morrer
E de repente o sol começou a cair
As luzes a querer acender dentro de mim
Eu era um indefeso a mergulhar na escuridão
(Ponte)