Entre lama e ladeiras
Desenhos da enxurrada
Que cortava todo chão
Os meninos
Bem juntinho ali brincavam
E como a chuva
Os seus sonhos transbordavam
Nas enchentes da ilusão
Num simples teto
Seu abrigo favorável
Um cantinho confortável
Tendo a luz no cotoco de uma
vela
Entre lamentos
E samba
Assim era o morro
No alto a pedir socorro
Batizado de favela
Em risos largos
As crianças fabulavam
Suas historias contavam
Onde o barraco era o abrigo
Era o retrato
Da miséria em crueldade
Admirando la de cima a cidade
Onde o sonhar era seu maior castigo
Mas no meu sangue
Trago da ancestralidade
Toda essa dificuldade
Desde tempos tão passados
Onde o começo
Se parece com o presente
Sendo que o morro a favela e nossa gente
Ainda são por aqui discriminados