Dia de chuva, cubra o teu corpo vivente
E encilhe o pingo, não pare pra descansar
O tempo é feio, enrusgado, é traiçoeiro
Cumpra tua rota de sua tropilha guiar
Sou estradeiro, ao pasto ao longo enxarcado
Nem a enxurada, tormenta, me faz sestiar
E no horizonte, cruzando cerca e banhado
Destino é poncho molhado, pra tropa não se estravia
Eira, eira boi, eira boiada
Dessa tormenta, um tropeiro não escapa
Eira, eira boi, eira boiada
A passo largo, deixando marcas na estrada
Eira, eira boi, eira boiada
Dessa tormenta, um tropeiro não escapa
Eira, eira boi, eira boiada
Ouço São Pedro, dando um era pra invernada
Nesta tropiada, parceiro sejas valente
E calce os ferros, pro gado não assustá
A noite é fria, mal domada, é traiçoeira
E o Patrão Velho, do céu, irá te guiar
Por ser campeiro, me enforquilho, vou pra aguada
Nesta tropiada, descambando água do céu
Vamo tropiando, por mais que o tempo desande
Num trote levo o Rio Grande, debaixo do meu chapéu