Branco atravessa o mar e encontra
Um índio, um tupinambá, e lhe aponta
O punhal dos anos de ouro e prata
Que o pele vermelha tingiu
Índio atravessa o Rio Amazonas
Com Tupac Amaru até Cusco cavalga
Encontra Sepé lá no Rio da Prata
“Essa terra tem dono”, se ouviu
Bate a chibata no barco tumbeiro
Haiti, François Toussaint
Aqui, Dandara, dendezeiro, Zumbi, capoeira
Nos Palmares o desenho de um quilombo
Nos anos dois mil
E ainda te verei
Outro dia caminhando sob o sol
Travessia e o sertão vai virar mar
E o mar vai virar sertão
E ainda te verei
Outro dia caminhando sob o sol
Travessia e o sertão vai virar mar
E o mar vai virar
Povo atravessa o país por inteiro
A Minas, São Paulo, Rio de Janeiro
Pra trabalhar (povo brasileiro)
Pra trabalhar ou não
Sem-terra, sem-teto, terra adorada
Concentrada em poucas mãos
Entre outras mil
És tu Brasil (somos filhos órfãos)
De quem és, ó mãe gentil?
E ainda te verei
Outro dia caminhando sob o sol
Travessia e o sertão vai virar mar
E o mar vai virar sertão
E ainda te verei
Outro dia caminhando sob o sol
Travessia e o sertão vai virar mar
E o mar vai virar sertão