Mais recheado que a guaica
Só mesmo o peito emplumado;
Não peço benção pra padre
Prá santo nem delegado.
Foi o tempo da miséria
A vida agora ta boa;
E até mesmo nos velórios
Eu to sempre rindo a toa.
To co’os zóio meio vesgo
De tanto conta o rebanho
É gado de todo pêlo,
De toda raça e tamanho.
Tenho dinheiro no banco,
Apliquei num tal de fundo
E as quadras da minha estância
Tão pra mais de meio mundo.
Sina velha bem jaguará
De viver fazendo esparro;
Vê se esquece da minha cara
Que eu tirei o pé do barro
As gurias me bombeiam
E se param todas inquietas
Parece que tenho jeito
De galã ou de poeta
Fico louco de “facero"
Boto a “pilcha" predileta
E me sinto parelheiro em dia de cancha reta
Não foi bilhete premiado
Não foi reza ou simpatia
Não foi roubo ou braguetaço
Nem herança de uma tia
O tal cavalo encilhado
Sei que não passa duas “véis"
E o que foi ?
Mas bem capaz que eu vou contar pra vocês