Dentro de você existe um rio
que não tem onde desaguar
abra as comportas, o faça vazio
e faz de conta que eu sou seu mar
Arrebente logo essa represa
deixa a correnteza te arrastar
por entre as pedreiras
que teimam não deixar
você ser minha beira
e em mim se mistura -ar
Aproveite as chuvas de janeiro
se transborde em minha direção
que eu faço maré cheia
me quebro em sua mão
e a gente volta e meia
se encharca de pai xão
Dentro de você existe um rio
que não tem onde desaguar
abra as comportas, o faça vazio
Deixe as águas que já são passadas
pois moinhos já não movem mais
embarque neste vento
que eu te mandei buscar
e venha violento
em mim desemboca ar
Faça uma enchente de saudade
dessa tempestade de verão
que eu faço uma ressaca
bem fora de estação
e a gente se encharca
se afoga de pai xão.
Dentro de você seu mar