Pelo vitro dentro do quarto em minha frente
Vejo um vulto deferente
Não posso compreender
Me aproximo de tanta curiosidade
Porque o vulto na verdade
Chega a me surpreender
E por detrás de uma cortina transparente
Sob luz fosforescente vejo um vulto de mulher
Que me aparenta vinte anos mais ou menos
E pelo o que eu estou sabendo
Meu carinho ela não quer
E eu me perco diante de tanta beleza
Presente da natureza ela merece também
Quando se veste roupa intima elegante
Com o seu jeito provocante não parece com ninguém
Se retrocede num instante tão seguro
Com um sorriso de ternura
Beija no vaso uma flor
Ela se curva sob a cama lentamente
E despercebidamente ela faz cena de amor
No desespero de uma vida tão vazia
Curte o som sem alegria
Em seu quarto de mansão
Quando se perde entre o som de um toca fita
Eu a vejo mais bonita
Do meu quarto de pensão