Em toda parte, atrás das portas, dançando no olho do furacão
Parada num cais do porto imundo, num quarto escuro de solidão
Está a poeira do mal, (inerente) fazendo nas mentes um carnaval
Nos muros dos cemitérios, nas camas dos adultérios,
Nos contos de terror, nas cantigas de amor (Há poeira do mal Há poeira do mal)
Nas imagens destorcidas, nas pessoas interrompidas
Nas palavras esquecidas, no poder dos inseticidas
Na profundidade dos profetas, no gozo inútil dos poetas
Nos cacos de vidro no chão da cozinha, na noite chuvosa, sofrida, sozinha
(Há poeira do mal Há poeira do mal)
Nas grades das catedrais, nos corpos sem digitais,
Nas linhas dos edifícios, nos fogos de artifícios
Na vida pacata do campo, na quieta luta no coma,
Na loucura latente inerte, na conversa, na transa, na soma
(Há poeira do mal Há poeira do mal)
Na maldição dos antigos, na criação dos heróis
Na perdição dos amigos, na explosão de dois sóis,
Na eterna briga das raças, na ignorância das massas
A cada segundo que passa, no tombo sem rima, sem rima, sem rima da caça
Há poeira do mal, Há poeira do mal (fazendo nas vidas um carnaval)
Há poeira do mal, Há poeira do mal (fazendo nas vidas um carnaval)
Há poeira do mal