Caminhando contra o vento
Sem lenço sem documento
Num sol de quase dezembro,
Eu vou
O sol se reparte em cruzes
Espaçonaves, guerrilhas
Em Cardinales bonitas, eu vou
Em carro de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bombas, "Brigite Bardot"
O sol nas bancas de revistas
Me enchem de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou por entre fotos e nomes
Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores vão
Eu vou porque não
Porque não
Porque não
Porque não
Ela pensa em casamento
E eu, nunca, mais fui à escola
Sem lenço, sem documento,
eu vou
Eu tomo uma coca-cola
Ela pensa em casamento
E uma canção me consola,
eu vou
Por entre fotos e nomes
Sem livros e sem fuzil
Sem fome, sem telefone
No coração do Brasil
Ela nem sabe e até pensei
Em cantar na televisão
O Sol é tão bonito
Eu vou sem lenço, sem documento
Nada no bolso ou nas mãos
Eu quero seguir vivendo, amor
Eu vou porque não
Porque não
Porque não, porque não