Ontem, ao luar, nós dois em plena solidão,
32 11 11 32 11 32 33 32 31 10 10 31 10
tu me perguntaste o que era a dor de uma paixão.
30 10 10 30 10 10 30 32 30 43 23 23 43 23
Nada respondi, calmo assim fiquei,
44 23 23 44 23 45 23 23 45 23
Mas, fitando o azul do azul do céu,
31 10 10 31 10 11 10 23 22
a lua azul eu te mostrei
16 15 13 11 10 23 22 23
Mostrando-a a ti, dos olhos meus correr senti
32 32 11 11 32 33 32 31 10 10 31 10
uma nívea lágrima e, assim, te respondi.
30 10 10 30 10 10 30 32 30 43 23 23 43 23
Fiquei a sorrir por ter o prazer
44 23 23 44 23 45 23 23 45 23
de ver a lágrima nos olhos a sofrer.
22 23 10 11 23 32 43 42 33 32 54 40
A dor da paixão não tem explica ção,
32 12 12 32 12 13 12 10 10 20 10
30 10 10 30 10 12 10 23 23 32 23
É mister sofrer pa-ra se sa-ber
30 23 23 30 23 44 23 23 44 23
o que no peito o cora-ção não quer di-zer. 50 64 63
22 23 10 11 23 32 43 42 33 32 54 40
Pergunta ao lu-ar, travesso e tão ta-ful,
32 12 12 32 12 13 12 10 10 20 10
de noite a chorar na on-da to-da azul.
30 10 10 30 10 12 10 23 23 32 23
Pergunta, ao lu-ar, do mar à can-ção,
30 23 23 30 23 44 23 23 44 23
qual o mistério que há na dor de uma paixão.
22 23 10 11 23 32 43 42 33 32 54 40
Se tu de-sejas saber o que é o amor
44 30 31 32 32 32 32 31 32 33 20
e sentir o seu calor,
20 20 20 33 20 21 22
o ama-ríssi-mo travor do seu dulçor,
10 10 10 10 15 12 10 23 32 44 40
so-be um monte á beira mar, ao lu-ar,
12 22 10 23 23 20 23 22 20 22
ouve a onda sobre a arei-a a lacrimar.
13 24 12 10 22 32 20 32 12 23 32
Ouve o silêncio a falar na so-lidão
44 30 31 32 32 32 32 31 32 33 20
de um ca-la-do co-ração,
20 20 20 33 20 21 22
a pe-nar, a derramar os prantos seus.
10 10 10 10 15 12 10 23 23 22 23
Ou-ve o choro pe-renal,
13 12 10 23 22 20 23
a dor si-lente, universal
44 30 32 20 32 44 40 42
e a dor maior, que é a dor de Deus.
20 20 33 32 44 32 44 40
Quando Jesus, meigamen-te so-litá-rio,
44 30 31 32 32 32 32 31 32 33 20 20
lá no ci-mo do calvário,
20 20 20 33 20 21 22 22
seus olhos, indulgente, ergui-a aos céus,
10 10 10 10 15 12 10 23 32 44 40
quanta dor, quanta poesi-a, a penar,
12 22 10 23 23 20 23 22 22 20 22
nos seus olhos luz luzia, a me-ditar
13 24 12 10 22 32 20 32 12 23 32
Não era a dor de não ter es-se poder
44 30 31 32 32 32 32 31 32 33 20
de remir a hu-ma-ni-da-de
20 20 20 33 20 21 22 22
da e-terna a-tro-ci-da-de do sofrer
10 10 10 10 15 12 10 23 32 32 22 23
E- ra, sim, a crúcea pe-na
13 12 10 23 22 20 23 44
de sentir por Ma-da-le-na
30 31 20 32 44 40 44 42
o co-ra-ção desfa-le-cer.
41 42 30 20 32 30 42 40
Se tu queres mais saber a fonte dos meus ais,
32 12 12 12 12 32 20 32 31 10 10 10 10
põe o ouvi-do aqui na rósea flor do co-ra-ção,
30 10 10 10 10 10 11 10 10 23 32 44 40
ouve a inquietação da merencória pulsação
30 23 23 23 23 30 32 30 34 23 23 23
_ busca saber qual a razão
10 10 10 10 11 10 23 22
por que ele vive, assim, tão triste a suspirar,
16 15 13 11 10 23 33 32 11 11 11 11
a palpitar, em deses-pera-ção,
32 33 32 31 10 10 10 10 10 10
a teimar, de amar um in-sensí-vel co-ra-ção,
30 10 10 10 10 30 32 30 43 23 23 23 23
que a ninguém di-rá no peito ingrato em que ele está,
44 23 23 23 23 21 33 32 30 23 23 23 23
mas que ao sepulcro, fa-talmen-te, o le-va-rá.
22 23 10 11 23 32 43 42 33 32 54 40