Carreiro vai, carreiro vem, beirando matas, cordilheiras, campos e espigões
Na estrada azul, dos matagais, lhe acompanham os passarinhos vindos dos sertões
No peito seu, eu sei que tem seis bois puxando o carro triste do seu coração
É a saudade emparelhada com a lembrança o amor é esperança, desespero e solidão
Carreiro vai, carreiro vem, rodando só pelo sertão cantando assim
Carreiro vai, carreiro vem, a sua estrada de paixão que não tem fim
Carreiro vai, carreiro vem, para bem longe do filhinho que ficou no lar
Bem cedo sai, a tarde vem, deita nos braços de Chiquinha sempre a lhe esperar
Solta seus bois, lá no curral, quando no morro surge um claro raio de luar
Pega na viola pra cantar sua poesia quando fora a brisa fria vem com ele duelar
Carreiro vai . . .
No vai e vem, que o mundo dá, vai o seu rastro rabiscando pedras e areiões
Dois riscos só, deixa no pó, e o orvalho tremulando sobre mil botões
Igual o sol, passa por nós, e a tarde deita no poente para repousar
Solta a boiada de estrelas cintilantes ruminando lá distante pelos campos do luar
Carreiro vai . . .