Tristeza, soluço da alma que abala, que enrosca
Que ofusca, que esquece, que ferve e apavora
Amortece a queda e o desamor
Espanta, aponta, alopra, devora e a conta
Chega, não pede licença, invade e alcança
Sem mais suspiro, sem mais clamor
O canto dos pássaros voa por cima da dor e dos calos dos pés
O navio lotado carrega histórias de vidas em um só convés
O cansaço acaba quando o barro calça as solas frias dos coronéis
Os dedos se mexem, se aquecem, se vestem de contas, de chitas e papéis
A palma ardente rege
A cadência grave do tambor
As saias levantam, aumentam
A poeira e tudo que tem valor
Os ombros se curvam, debruçam
Esticam, se viram, se mexem, criando calor
O samba, o jongo, o tambor de crioula
O coco, o pandeiro e o agogô
A alfaia, o ganzá, o gonguê
A viola machete, o profano e o sagrado criando tremor