Ao longe vi a casinha, o lar que minha filhinha está com minha mulher
Nesta distância que havia vi que a fumaça saía no alto da chaminé
Já era bem de tardinha, o expresso aqui só vinha, o resto é seguido a pé
Meu fardo estava pesado desci beirando o cerrado, passei no arame farpado
Da cerca que fica ao lado do pequeno igarapé
Então fui na cachoeira, e na raiz da figueira meus pés fiquei a molhar
Me sinto muito contente olhando a água corrente das pedras se desviar
Eu trago lá da vendinha, arroz, feijão e farinha e um pacote de fubá
De resto o que vem pra gente é só o suficiente pra poder viver contente
E às vezes um presente pra aqueles que sei amar
O meu rastro pela estrada na terra que está molhada eu vejo que já saiu
Um espelho se mostrava na água que empoçava aonde o sol refletiu
Hoje foi muito cedinho que deixei o meu cantinho antes que o dia surgiu
Vejo agora entre galhadas da paineira derrubada as folhas amontoadas
Trazidas pela enxurrada da chuva que aqui caiu
Já posso ouvir o latido, e vem encontrar comigo o meu estimado cão
Acontece todo dia a mostrar sua alegria vem lamber minha mão
Eu me esqueço da canseira quando abro a porteira só me alegra o coração
Este é o meu recanto, com meus amores eu janto, e a noite com um manto
Vai cobrir por todo canto a beleza do sertão!