Talvez, quem sabe, um dia
Por uma alameda do zoológico ela também chegará
Ela que também amava os animais
Entrará sorridente assim como está
Na foto sobre a mesa
Ela é tão bonita
Pelas mesquinharias
Agora vamos al can çar
Tudo o que não podemos amar na vida
Com o estrelar das noites inumeráveis
Ressuscita-me ainda que mais não seja
Porque sou poeta e ansiava o futuro
Ressuscita-me lutando contra as misérias
Do quotidiano ressuscita-me por isso
Ressuscita-me quero acabar de viver o que me cabe
Minha vida para que não mais existam amores servis
Ressuscita-me para que ninguém mais tenha
Que sacrificar-se por uma casa ou um buraco
Ressuscita-me para que a partir de hoje, a partir de hoje
A família se transforme e o pai seja pelo menos o Universo
E a mãe seja No mínimo a Terra
A Terra
A Ter ra