Ajeitei bem a melena e a pilcha gaúcha
Que hoje, ala pucha!, o baile promete
Encurto o caminho, meu zaino amilhado
Tô igual touro alçado, que se solta do brete
De longe, já ouço uma gaita chorando
Talvez, me chamando, o tempo que gasto
Sentindo o cheiro da flor da pitanga
Com a água da sanga na aba do basto
(Já estou pronto pra dançar um bugio
Do outro lado do rio num rancho barreado
Arrastar as esporas num tranco grongueiro
E judiar do gaiteiro com as do meu agrado)
Me adentro no rancho, de pala no braço
Vou abrindo espaço entre os mais afoitos
Já correndo o zóio pro lado dos copos
E “adonde” me topo só com as de dezoito
De longe uma linda, sorrindo, me nota
E, de pronto, se bota pois sabe o que viu
Já encosto no peito num jeitão fronteiro
E grito pro gaiteiro: Toca outro bugio!
Assim era minha terra nos tempos do quinto
Amores que sinto e ainda trago comigo
Farrancho e cordiona, nos fins de semana
As lindas paisanas, rodeado de amigos
Que saudade trago da velha querência
De ter a essência de um bugio campeiro
Ver os ranchos lotados, como antigamente
Alegria da gente do chão missioneiro