Deste quando me lembro não tinha nada
Além dos meus sonhos perdidos numa estrada
O suor em meu rosto com as mãos calejadas
Depositando o futuro em uma mera enxada
Ôoo,oo, ôoo, oôuoô
Com o sol escaldante ou a terra molhada
O brilho em meus olhos aos poucos se apagava
Na velha casinha de telhas quebradas
Onde aprendi ser feliz do jeito que dava
De pés no chão e com as roupas rasgadas
Assim eu cresci no meio do "nada"
Ôoo,oo, ôoo, oôuoô
O fogão a lenha marcando a cozinha
O som puro e suave da água da biquinha
As lembranças da escola os amigos de infância
Ficou no passado lá onde o sol descansa
A bicicleta em que aprendi muitas vezes a sonhar
A porteira hoje fechada que o tempo veio a estragar
Aquele velho paiol, de pé nem deve estar
O meu recanto feliz, o tão sonhado lar
A estrada de terra, a minha bola furada
O sorriso no rosto, o simplesmente "nada"