Meu burro velho, com peso no lombo, seguindo uma trilha num reclama não.
Bem à tardinha, debaixo da sela me leva à donzela do meu coração.
Quando era novo ele brincava, como criança corria no pasto, depois com a
sela e um homem com laço, correndo e pulando juntava a boiada.
No fim do dia, com satisfação, com muito alívio no coração, depois de levar o
peão ao patrão saia correndo pra comer ração.
Com o tempo chegou o peso da idade, foi pra cidade, deixando a roça.
Agora alegra a criançada passeando na cidade em sua carroça.
Agora está velho, não se engana. Não fica triste, tem quem te ama.
Descansa tranqüilo ou fica pastando porque só trabalha no fim de semana.
Às vezes me lembro, eu era criança, corria e pulava, está na lembrança.
Depois veio o estudo e minhas andanças. Nas folgas, no burro eu ia às festanças.