Ao ver-me nu sem ser vulgar
Despeço-me do olhar que insegura
Sou indivíduo, animal, um pouco mais receoso
Mesmo assim, sou vida crua
Mais simples que aprendi
Viver se reapresenta como acaso
Sem razão e pondo em cheque se há raíz além do afeto
Ou algo além dos fatos
Cada passo rumo a um saber maior
Faz crescer
A dúvida que paira sobre a morte
E, também, sobre o que nos fez
Desnudar-se é mais um fato
Ver-se é desmistificar
Bem de perto é menos frágil
Vida crua, se deixar
Planeando saber mais
Eu topo até acordar com o que é incerto
A não-resposta me garante especular
Sorver com calma o que rolar por perto
Desejo viver inteiro
E entregue, com as certezas desarmadas
Pra saber o que há além da informação
E, se der, eu quero até entender o nada
Cada passo rumo a algum saber maior
É certo, faz crescer
A dúvida que paira sobre a morte
E também sobre o que nos fez
Deparar-se esvaziado
Entregar-se ao que não há
Tudo fica tão calado
Faz sentido, sem explicar
Desnudar-se é mais um fato
Ver-se é desmistificar
Bem de perto é menos frágil
Vida crua, se deixar
O que virá a seguir?
Não dá pra dar resposta com certeza
É tudo bem, ninguém mais sabe onde vai dar
Mas pauto minha esperança pela ciência