Lyrics of
Lamento de Caboclo

Por um trilho estreito, entre samambaia, de chapéu de palha, eu ia pra mina
Enchia o corote, com a canequinha de água fresquinha, limpa e cristalina
Depois me sentava no barranco ao lado e entusiasmado eu ficava olhando
A queda da água rodando moinho e no ribeirãozinho o monjolo malhando
À tarde eu deixava o monjolo parado, e o arroz socado eu levava pra janta
Corria na venda, comprava envelope, voltava a galope no cavalo pampa
Tomava um chazinho, jantava bastante, achava importante escrever pros parente
Contando que a roça estava limpinha e que ninguém tinha ficado doente
Mas minha pobreza foi contaminando aos pouco tirando esta … felicidade…
Embora a roça fosse um berço sagrado me vi obrigado a mudar pra cidade
Passei a comer só arroz de pacote, troquei o corote por filtro esmaltado…
Nem carta escrevo, pois vivo sozinho, só vejo moinho no supermercado
Se vejo monjolo é movido a motor, só em casa de flores, vejo samambaia
Mas fico orgulhoso por ver margaridas limpando avenida de chapéu de palha
A grande saudade, que tenho guardada, será revelada se um dia eu voltar
Então pedirei perdão ao presente pra eternamente na roça eu ficar